
SAIBA MAIS SOBRE
O CÂNCER DE PRÓSTATA
A PRÓSTATA
Glândula do sistema genital e reprodutor masculino, localizada abaixo da bexiga e à frente do reto, a próstata é responsável pela produção de parte do sêmen. Ela envolve a uretra (canal que leva a urina até a ponta do pênis).
O tamanho dessa glândula varia de acordo com a idade do homem. Nos mais jovens costuma ter o tamanho de uma noz e conforme a idade avança ocorre o aumento de suas dimensões.
O câncer de próstata é o mais incidente em homens no país (atrás apenas do câncer de pele não melanoma), considerando os 21 tipos de doenças oncológicas que fazem parte das estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
A maioria dos cânceres de próstata é do tipo adenocarcinoma, que se desenvolve a partir de células glandulares cuja função é produzir o líquido prostático que se adiciona ao sêmen. Outros tipos mais raros são os carcinomas de pequenas células; tumores neuroendócrinos; carcinomas de células transicionais; e sarcomas. Em geral, o câncer de próstata é um tumor de crescimento relativamente lento. Os tumores de maior agressividade são a minoria dos casos.
Veja as principais perguntas e respostas sobre o câncer de próstata
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QUAIS AS CAUSAS ?Os principais fatores que podem aumentar o risco de desenvolver câncer de próstata são: Idade: a chance de desenvolver a doença aumenta depois dos 50 anos. Aproximadamente 60% dos cânceres de próstata são diagnosticados em homens com mais de 65 anos de idade. Raça: o câncer de próstata é mais frequente em homens com ascendência africana e caribenha, comparado a outras raças. Além disso, também é menos frequente em homens asiáticos e hispânicos/latinos do que em brancos não hispânicos. Nacionalidade: o câncer de próstata é mais comum na América do Norte, noroeste da Europa, Austrália, Nova Zelândia e nas ilhas do Caribe. É menos comum na Ásia, sul e leste europeu. Histórico familiar: ter casos de câncer de próstata na família (pai ou irmão) aumenta o risco de desenvolver a doença. Alterações genéticas hereditárias: algumas dessas alterações genéticas podem aumentar o risco de desenvolver alguns tipos de câncer. Em relação ao câncer de próstata, mutações no BRCA1 e BRCA2 podem aumentar o risco em alguns homens. Alimentação: os homens que comem muita carne vermelha, comida processada ou laticínios ricos em gordura parecem ter uma chance ligeiramente maior para câncer de próstata. Esses homens também tendem a comer menos frutas e legumes.
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QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS?Em estágio inicial, o câncer de próstata não costuma apresentar sintomas. Isso explica a importância de realizar exames de rastreamento como PSA e toque retal todos os anos. Entretanto, quando a doença evolui, o paciente pode apresentar: Necessidade frequente de urinar. Fluxo urinário fraco ou interrompido. Presença de sangue na urina ou no sêmen. Disfunção erétil. Dor no quadril, costas, coxas, ombros ou outros ossos se a doença se disseminou. Fraqueza ou dormência nas pernas ou pés. Vale ressaltar que esses sintomas também podem estar relacionados a outras doenças que não o câncer de próstata. Assim é essencial consultar um médico especialista para o diagnóstico correto e tratamento.
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COMO É FEITO O DIAGNÓSTICOA suspeita de câncer de próstata ocorre a partir de alterações no exame de PSA ou no toque retal. Essas alterações nos levam a realizar uma biópsia de próstata que é o exame que confirma o diagnóstico da doença. Quanto mais precoce for o diagnóstico maiores são as chances de sucesso no tratamento e menores as chances de sequelas. Por essa razão a recomendação feita por diversas sociedades especializadas ao redor do mundo é que homens, a partir dos 50 anos, mesmo que assintomáticos e sem qualquer caso na família, realizem exames anuais de rastreamento (PSA e toque retal). No entanto, se houver casos de câncer de próstata na família, esse rastreamento deve ter início aos 45 anos de idade. Antígeno prostático específico (PSA): exame de sangue que verifica o nível de PSA, que é uma proteína produzida pelas células da próstata. Níveis altos de PSA podem ser indicativos de câncer de próstata. No entanto, o PSA alto também pode estar relacionado a outras doenças como crescimento prostático ou inflamações na próstata. Por esse motivo existe a necessidade de avaliação por um médico especialista no sentido de colher informações adicionais ou solicitar outros exames para um diagnóstico mais preciso. Toque retal: o objetivo do exame é detectar a existência de inchaço ou áreas endurecidas na próstata. O procedimento é rápido e indolor. A necessidade do toque ocorre pelo fato de alguns tipos de cânceres de próstata não aumentarem o PSA. Estes geralmente se apresentam como um nódulo palpável ao toque. Biópsia: em casos suspeitos para câncer de próstata, é necessário a realização de uma biópsia para confirmação do diagnóstico. A biópsia é um procedimento na qual amostras de tecidos são removidas da próstata e encaminhadas para análise de um médico patologista. O método mais utilizado é a biópsia por agulha via transretal. O procedimento de coleta de material é feito sob anestesia (sedação) sendo utilizado a ultrassonografia transretal para localizar a próstata e através de uma agulha retirar o material que será analisado. A biópsia é considerada um procedimento invasivo e com riscos de complicações. Dessa forma, é muito importante seguir as recomendações de preparo dadas pelo laboratório para realização do exame no sentido de diminuir esses riscos. Ressonância nuclear magnética multiparamétrica de próstata: a ressonância multiparamétrica de próstata é uma ferramenta eficiente na avaliação de casos suspeitos de câncer, sendo indicado geralmente antes da realização da biópsia. Como a elevação de PSA não é específico do câncer de próstata e outras alterações como o crescimento benigno ou inflamações podem elevar o exame de sangue, utilizamos esse exame de imagem devido sua alta acurácia para detecção de nódulos suspeitos de câncer. Dessa forma, indica-se a biópsia apenas para os pacientes que apresentarem alteração no exame de imagem, evitando assim uma biópsia invasiva e com risco de complicações em pacientes com ressonância normal.
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COMO É O TRATAMENTO SE A DOENÇA ESTÁ LOCALIZADA?A doença considerada localizada é aquela onde o câncer se encontra apenas na próstata e não se disseminou para outros órgãos ou tecidos. O tratamento indicado para cada caso depende de vários fatores estando eles relacionados ao paciente (idade, estado geral de saúde, expectativa de vida), à doença (agressividade e estadiamento) e à técnica utilizada (grau de invasividade, limitações, efeitos colaterais, complicações e chances de cura do câncer). Há inclusive alguns tipos de cânceres de próstata de baixa agressividade e crescimento tão lento que é possível considerar a possibilidade de não indicar nenhum tratamento. Dessa forma, evita-se assim os efeitos colaterais de um procedimento mais radical. É o que chamamos de Vigilância Ativa e consiste em manter um acompanhamento ativo do tumor por meio de consultas e exames regulares. Entre as principais opções de tratamento curativo da doença localizada estão: Cirurgia: a cirurgia para tratamento do câncer de próstata consiste na retirada total da próstata, das vesículas seminais e eventualmente dos gânglios linfáticos pélvicos, isto a depender da agressividade da doença. Após a remoção da próstata, é realizada a reconstrução do canal urinário. A prostatectomia radical, como é chamada, oferece chances de cura acima de 90% quando a doença se encontra restrita à próstata. Importante questão relacionada à cirurgia é a proximidade da região à feixes nervosos e musculares responsáveis, respectivamente, pela ereção e pela continência urinária. Dessa forma, qualquer procedimento no local pode levar a um risco de disfunção erétil (impotência sexual) e incontinência urinária (perda involuntária de urina). A cirurgia para retirada da próstata pode ser realizada pela via convencional (cirurgia aberta) ou por técnicas minimamente invasivas como a videolaparoscopia e a robótica. Estas duas últimas oferecem vantagens como menor risco de sangramento e, consequentemente, menor necessidade de transfusão sanguínea, menor dor no pós-operatório com diminuição do uso de medicações analgésicas, alta mais precoce e recuperação mais rápida. A técnica minimamente invasiva com auxílio do robô ainda oferece as vantagens de uma melhor visualização das estruturas (visão ampliada tridimensional) e a utilização de pinças com filtro de tremor, que se traduz em maior precisão durante o ato cirúrgico, diminuindo os riscos de impotência e incontinência. Consequentemente, a técnica oferece maior segurança e menor risco de complicações pós-operatórias. Radioterapia: a radioterapia é uma modalidade de tratamento que utiliza a radiação ionizante ou de prótons para destruir as células cancerígenas. Ela pode ser realizada através de uma fonte externa (Conformacional 3D, IMRT ou IGRT) ou interna (braquiterapia, seja através de pequenas sementes radiotivas colocadas diretamente na próstata – chamada de braquiterapia com baixa taxa de dose – ou através de agulhas, chamada de braquiterapia com alta taxa de dose). O tratamento com radioterapia possui taxas de cura semelhantes ao tratamento cirúrgico em casos de doenças localizadas e de baixa agressividade. Entretanto em casos de cânceres mais agressivos a cirurgia oferece uma vantagem maior no controle da doença. Quando se indica a radioterapia para tumores mais agressivos, geralmente o tratamento ganha eficiência quando combinado ao bloqueio hormonal. Da mesma forma que a cirurgia, a radioterapia também pode causar complicações relacionadas à continência urinária e função sexual, além de problemas intestinais, algo bem mais raro de acontecer com o tratamento cirúrgico. Entretanto, as complicações da radioterapia são mais tardias enquanto as da cirurgia são mais precoces. Além disso, há outras possibilidades de tratamento para doenças localizadas em pacientes selecionados: Crioterapia: é a introdução de sondas que produzem temperaturas muito baixas e congelam e matam as células do câncer. HIFU: é a terapia que utiliza ondas de ultrassom para gerar calor e destruir as células cancerígenas. Esses tratamentos podem ser utilizados como terapias focais, ou seja, destruição apenas do nódulo cancerígeno, evitando tratar o restante da próstata. Assim, como focamos o tratamento apenas no nódulo, as chances de lesão de nervos e músculos que circundam a próstata diminuem, reduzindo as complicações relacionadas a um tratamento mais radical. Entretanto, estas terapias não podem ser indicadas para todos os casos e devemos seguir com rigor os critérios de seleção para atingir melhores taxas de controle da doença.
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COMO É O TRATAMENTO DA DOENÇA METASTÁTICA?Em casos de câncer de próstata metastático (que já se disseminou para outros órgãos ou tecidos) o principal tratamento é baseado no bloqueio hormonal (hormonioterapia) associado ou não a quimioterapia. O objetivo da hormonioterapia é baixar o nível do hormônio masculino (testosterona) com o intuito de controlar a proliferação das células cancerígenas. Dessa forma conseguimos diminuir o tamanho do tumor, controlar a progressão da doença e aliviar os sintomas. O tratamento do câncer de próstata metastático tem apresentado grande evolução nos últimos anos com o surgimento de várias medicações que ajudam a melhorar ainda mais o controle da doença, aumentar de forma significativa a sobrevida e oferecer melhor qualidade de vida aos pacientes.